Bem-vindo
Escrito por Erich Beting em 20/03/2009 às 13h28http://negociosdoesporte.blog.uol.com.br/arch2009-03-15_2009-03-21.html
Negócios do Esporte, negócios no esporte, marketing esportivo... Não importa muito o nome que se dá para isso, mas o fato é que hoje o esporte passou a ser, no Brasil, parte da indústria do entretenimento, como é a cultura. Se, há dez anos, o termo marketing esportivo geralmente nos associava a algo pejorativo, que lembrava muito mais negociata do que negócio, hoje não dá para se pensar muito no esporte sem o marketing, a estratégia de comunicação, o patrocínio. Tanto que, desde 2005, já conseguimos trazer aqui para dentro do mesmo UOL o noticiário sobre os negócios do esporte com a Máquina do Esporte. E agora ganhamos mais este espaço para falar de como o negócio influencia diretamente no cotidiano do esporte.
Quer um exemplo? O acordo Corinthians-Batavo movimentou a imprensa e foi notícia em todos os veículos de comunicação do país ontem e hoje. E, desconsiderando as mesmas exceções de sempre, o nome do patrocinador foi dito, escrito e mostrado. Sem preconceito, sem achar que se fazia "propaganda gratuita" da empresa que injetará R$ 18 milhões nos cofres do Timão. Porque, com esse dinheiro, o Corinthians poderá manter Ronaldo no time. E poderá contratar ou revelar outros jogadores. Poderá fazer o tão sonhado título da Libertadores se concretizar...
E essa é a ideia central do "Negócios do Esporte". Por aqui sempre vamos fazer com que o esporte seja analisado do ponto de vista do negócio. E que a indústria do esporte consiga girar mais e melhor, construíndo cada vez mais torcedores e consumidores, mais atletas e, principalmente, mais profissionais capacitados para trabalharem nesse "negócio". Porque hoje já não é mais tão feio assim ganhar dinheiro com o esporte. Aliás, é possível ganhar dinheiro com esporte e ser feliz trabalhando assim.
(... )
E você, leitor, seja muito bem-vindo. Discuta, debata, pergunte. Mas entenda que aqui não há partidarismo, patriotada, preferência clubística ou de modalidade esportiva, etc. Há interesse em ver com outro tipo de visão o que acontece no dia-a-dia esportivo. Por que só com boas discussões faremos o esporte se desenvolver como negócio no Brasil.
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Uma boa pergunta
Escrito por Erich Beting às 09h45
http://negociosdoesporte.blog.uol.com.br/arch2009-03-15_2009-03-21.html
Foi feita pela leitora Bibiana Moreno num dos comentários de ontem:
"Até onde contratos de curto prazo, como esse (Corinthians e Batavo), auxiliam um clube que não tem estádio e ainda tem dívidas que está pagando? Sei que existem estratégias de gestão e marketing que poderiam ser muito mais duradouras do que muita grana em pouco tempo e nada daqui a 10 meses... Não vejo essa ideia como boa estratégia. O que você acha?"
A pergunta é bem legal e nos leva para uma discussão que envolve o conceito sobre a construção de um relacionamento entre uma marca e uma propriedade esportiva, seja ela clube, federação, atleta ou evento. O "Estadão" de sexta-feira publicou uma lista com os patrocinadores na camisa do Corinthians desde 1982, quando foi permitido esse tipo de patrocínio no Brasil. Desde então, a lista contabiliza 12 empresas. Já estiveram na camisa do Timão, entre outros, Bombril (apenas na final do Paulistão-82), Pepsi (2000 ao fim de 2004), Samsung (2005-2007) e Medial Saúde (2008). Mas de qual marca as pessoas mais lembram?
Quase sempre é da Kalunga. A rede de lojas para materiais de escritório patrocinou o Corinthians de 1985 a 1994 (nove anos, o maior período entre todos os patrocinadores que já andaram pelo Timão). Sim, naquela época era muito mais um acordo em troca do dinheiro que Damião Garcia, proprietário da rede, injetava no clube de seu coração. Mas foi suficiente para ajudar a Kalunga a se tornar uma marca conhecida nacionalmente e hoje a principal loja do país no gênero.
Da mesma forma, o palmeirense quase sempre se recorda da Parmalat quando lembra do patrocinador. Flamengo e Petrobras estão juntos desde 1984, no mais longo contrato de patrocínio do futebol nacional. No vôlei, praticamente não se pensa em seleção brasileira sem se lembrar do Banco do Brasil, patrocinando o time nacional desde 1991. Na França, o Lyon tem a lembrança de um time campeão sempre ligada ao Novotel, que começou a patrocinar o clube quando ele estava na terceira divisão e, hoje, é heptacampeão francês.
No fim, todas essas associações são boas para as marcas. E para o esporte.
A grande questão, porém, é que os valores no patrocínio do futebol no Brasil estão mudando muito nos últimos anos. Os clubes já estão mais preparados para conseguir outras fontes de receita e, com isso, vão atrás de um patrocínio cada vez maior, sabendo que essa é a propriedade mais importante que ele tem a oferecer. Internacional e Grêmio são os melhores exemplos disso. Os dois clubes de Porto Alegre têm, hoje, mais dinheiro vindo dos projetos com os sócios do que com o apoio do Banrisul (que é de apenas R$ 3 milhões ao ano!). Atualmente, ambos poderiam "peitar" o atual patrocinador e buscar outra forma de levantar essa grana que recebe do patrocínio, à espera de uma negociação mais valiosa.
Mas aí surge um outro problema, que é a atual situação do mercado. O São Paulo, calcado em novos acordos que não envolviam a camisa, adotou a estratégia de não continuar com a LG, indo em busca de um patrocinador que pagasse R$ 30 milhões ao ano. Não conseguiu e, com isso, renovou com os coreanos por R$ 18 milhões, tendo apenas o aumento no contrato atrelado à inflação do ano passado. O Corinthians, ao fazer um contrato de apenas 10 meses, assume outro risco. O clube confia que, em 2010 (ano do seu centenário), esteja na disputa da Copa Libertadores. E isso dê ao Corinthians um valor de mercado ainda maior.
Mas, para a empresa, qual o benefício de ficar menos de um ano no clube? Vale apenas a exposição naquele período? É como você mudar de emprego a cada nova proposta que surge. Não seria melhor esperar um pouco mais, construir um relacionamento mais longo na empresa em que está? E o próprio clube não percebe que a relação de longa data com uma marca só lhe dá benefícios. Porque é possível aumentar os valores de contratos e, principalmente, não se resumir apenas à exposição na camisa, criando outras formas de gerar dinheiro.
Flamengo e Petrobras não poderiam criar cartões para o torcedor flamenguista só abastecer seu carro nos postos da marca? A LG não poderia faturar com uma linha de televisores do São Paulo? Por que o Banrisul não cria toda uma conta de banco personalizada para o torcedor gremista ou para o colorado?
Muitas vezes, o que falta é, tanto na empresa quanto no clube ou na entidade esportiva, uma pessoa que tenha como função pensar de que forma os dois lados podem ganhar ainda mais com o patrocínio...
segunda-feira, 23 de março de 2009
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